A noite de terça-feira (21/05), nós abastecemos o Amar Sem Fim com água. Tínhamos abastecido com mantimentos já no dia anterior e terminamos algumas compras que ainda faltavam naquela noite mesmo.
Estacionamos o barco próximo ao píer lá do Yacht Club de Búzios e, enquanto o Ric observava o abastecimento, nos despedimos dos amigos com quem tínhamos passado o dia, e saímos pra comer um hambúrguer com outros amigos que tínhamos encontrado ali em Búzios, e que estavam lá no clube quando chegamos.
Ok, tudo pronto. Algumas boas horas de descanso e bem cedinho na quarta-feira, 22, saímos para Abrolhos. A viagem seria um pouco longa… quase como a de Rio Grande (RS) até Floripa (SC). A previsão era de 55 a 60 horas de viagem… estávamos preparados e, tendo já estudado o clima, sabíamos que a previsão era muito boa. Ventos bons e constantes. Velejamos bastante… motoramos um pouquinho… dias lindos… muito sol, mar tranquilo…
Até que o motor parou!
Ok, seguimos apenas no vento, que já dava sinais de calmaria há algumas horas… reduzindo sua velocidade e intensidade…
Passamos a entrada de Vitória (ES) – que seria uma possível parada se os ventos morressem ou se viessem mais fortes do que o esperado… Sem motor, voltar a Vitória seria impossível. Principalmente porque navegar pelo canal até onde poderíamos ancorar, passando pelo porto etc, seria pouco, bem pouco prudente, e um tanto difícil.
Ficamos boiando por umas boas horas, até que o vento começou a acelerar novamente lá pelo meio da tarde. Como já devíamos estar entrando no terceiro dia de viagem, resolvemos levar mais a sério a questão dos turnos, uma vez que nós dois – Ric e eu – gostamos de ficar no cockpit se o tempo está bom… mesmo que não seja nosso turno. Evitaríamos assim, o cansaço desnecessário. Combinamos que eu ficaria das 20:00 até a meia-noite no cockpit no meu turno… ele descansaria e retomaria das 12:00 às 4:00am… quando eu assumiria depois, por mais umas horas. Teria o dia todo seguinte para descansar, e ele tbm, intercalando com cochilos e a presença das crianças, que planejo começar a incluir nos turnos (não sozinhas, mas apenas para irem se familiarizando com a situação de observação).
O vento que apareceu no meio da tarde veio bem gostoso. Nos levou a boa velocidade e a velejada até as 01:30 da manhã foi muito boa… Até que ele parou outra vez!
A esta altura estávamos ha umas 25 ou 30 milhas da costa, e o sinal para comunicação já era inexistente. Para acompanhar-nos, amigos e família tinham que contar com as atualizações do SPOT – que nos serviu muito bem!
Paramos quase o dia todo. Boiando… horas…
Foi lindo ver o sol nascendo no meio do nada. Ver cardumes de peixes grandes e coloridos ao redor do barco. A cor do mar naquela região é quase impossível descrever… e sua transparência, então… marcados pra sempre na lembrança.
Mais uma vez, no meio da tarde, o vento chegou e começou a acelerar, nos permitindo levantar velas e seguir viagem rumo a Abrolhos – BA… e foi este vento que nos levou até lá. Chegando com a “frente-fria”, com chuva e nuvens negras, porém tranquilos… As rajadas não passavam de 20 ou 25 nós.
Com receio de chegar à região ainda de noite, ou no escuro, resolvemos reduzir as velas… administrando a quantidade de “pano”, a velocidade do veleiro e a velocidade dos ventos. Enfim, tranquilamente, depois de 97 horas de viagem, chegamos a Abrolhos na manhã do domingo, 26… e descansamos!!!
Em Abrolhos, nos dias que se seguiram, pudemos conhecer o arquipélago, visitar ilhas, mergulhar, visitar o Farol, conhecer mais sobre os Atobás, as Fragatas, as Grazinas e sobre a ICMBio. As pessoas que conhecemos lá também foram muito acolhedoras e nos trataram com muito carinho – pelo que somos muitíssimo gratos.
Abrolhos não tem energia elétrica, sendo que usam uma pequena usina como gerador para a ilha. Telefone, internet e a comunicação em geral são bem limitados e conforme chegava perto da data do aniversário do meu pai (dia 28), meu coração começou a apertar. A ideia inicial era já estarmos em Caravelas no dia 28 (mesmo que a noite). Porque assim, por lá, eu conseguiria sinal e poderia me comunicar com ele e com minha família. Mas não conseguimos. Acabamos passando o dia 28 em Abrolhos mesmo – foi um dia lindo, com um por do sol maravilhoso e momentos de passeio e diversão para as crianças que também deverão ficar pra sempre guardados na lembrança.
Dia 29 cedo, saímos para Caravelas. Conseguimos combustível emprestado com 2 amigos, de dois veleiros diferentes, mas chegamos a caravelas praticamente só no vento, sem muita necessidade de gastar o pouco combustível que nos emprestaram.
Caravelas é lindinha! Agradecimento especial a amigos queridos que conhecemos em Abrolhos, nos emprestaram combustível e nos deram super apoio enquanto em Caravelas!!!! A cidade é pequena, mas muito charmosa. Na noite do dia em que chegamos (29) Ric comprou um pouco mais de mantimento e descansamos bem. No dia seguinte, conhecemos a cidade e fizemos uma boa compra para as próximas viagens que ainda não havíamos definido se seriam até Salvador, Camamú, Porto Seguro etc…
Por fim, decidimos que pararíamos em Porto Seguro, mesmo. Mas que sairíamos em seguida (dois ou três dias depois) em direção a Salvador. Ainda nestes dias, nossos planos eram de chegar ao Caribe antes de (ou junto com) a temporada de furacões… ainda em Junho. Aos poucos, já em Porto Seguro, descobriríamos mais uma vez, que os planos de Deus pra nós são sempre perfeitos, sempre muito melhores do que os nossos, e nos proporcionam muito, mais muito mais do que podemos pedir ou sequer imaginar.
Chegamos em Porto seguro depois de apenas 19 horas de viagem, no dia 01 de Maio. Acho que ficamos um pouco mais de 1 semana em Coroa Vermelha (Cabralia/Porto Seguro)… Mas hoje escrevo pra vocês de Arraial d’Ajuda (vizinha de Porto Seguro), onde estamos há 8 dias… e onde devemos ficar por mais algum tempo (indefinido, ainda).
O próximo post conta sobre nossos primeiros dias aqui na região de Porto Seguro, Cabralia e Arraial… e sobre como Deus tem nos guiado e nos abençoado durante nossa aventura toda!
AmarSemFim /)/)
maio 25, 2015 às 8:12 am
O que aconteceu com o motor? Pegaram combustível emprestado para o gerador?
Enviado do meu iPad
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junho 1, 2015 às 11:40 pm
Rapaz…..Na verdade um veleiro sem combustível não quer dizer muita coisa. Por comodidade, ligamos o motor algumas vezes, e a conta final não “fechou”…. Como nosso combustível primario ( o vento!!!) estava escasso, mandamos bala no diesel, e ficamos sem. Bom, tivemos que esperar chegar o combustível primerio. Sem problemas ,!!
maio 25, 2015 às 9:01 am
Bom dia Ricardo e Família !!
Estou acompanhando, mesmo que aos poucos, as grandes conquistas e viagem. Fico cada vez mais certo do momento maravilhoso que vocês estão vivendo. Ricardo é possível, participarmos de um momento em conjunto com vocês? Abraços Afonso e Família Pietroniro
junho 1, 2015 às 11:37 pm
Olá, Afonso….Obrigado!!! Estamos viajando há algum tempo, eeero que nossas experiências sejam motivadoras!!! Vc tem perfil no Facebook ? Vou te procurar por lá….Será um grande prazer tê-lo a bordo….abração, Ricardo
setembro 9, 2016 às 6:17 pm
Boa noite,
Onde pernoitaram em Caravelas? Como é a entrada, requer conhecimento local?
Pretendo ir do Rio a Abrolhos em Janeiro e estou precisando de algumas dicas.
Bons ventos
fevereiro 15, 2018 às 8:15 am
Pernoitemos no píer de amigos.
A entrada de Caravelas não é complicada mas requer habilidade e certo conhecimento local, sim!
Vc tem conhecidos a região?
Já fez a viagem? Como foi?