Tanta coisa para publicar sobre os últimos meses que até sinto frio na barriga.
Primeiro porque relembrar os últimos meses significa revivê-los… e confesso que foi muito para digerir. Segundo porque realmente é muita coisa para pôr em dia… mas se consegui sentar para fazê-lo é realmente porque está na hora de atualizá-los. Então vamos lá:
Sobre nossa estada em Porto e o porquê da nossa”demora” por lá, você poderá voltar ao post anterior. Então, aqui, sigo contando o que nos aconteceu depois que decidimos ouvir a voz do nosso Guia (Jesus) e obedecê-lo, percebendo as portas que Ele nos abria e a forma como nos guiava (e ainda guia).
Como contei no post anterior, ficamos em Porto porque surgiu a oportunidade de servir a Deus, amando e servindo aos nossos vizinhos. Ao ficarmos, nos comprometemos com a Igreja Apostólica da Graça a servir com eles durante o mês de Junho – quando 3 igrejas americanas diferentes, porém ligadas com um mesmo propósito, viriam ao Brasil (especificamente Porto Seguro – BA) para ações de evangelismo e obras sociais.
Confesso que a princípio, quando fomos “convocados”, não tinha entendimento do que era que íamos fazer… Mas nosso coração desejava muito serví-LO – e tampouco queríamos perder a oportunidade de permitir que as crianças participassem de algo parecido (nem que fosse apenas como espectadores).
Aos poucos, conforme a data do “evento” ia se aproximando, fui entendendo que a necessidade a qual o projeto mais carecia era na área de línguas. Precisavam de interpretes. Eu nunca fui interprete. Tive receio, mas seguimos em frente.
Ricardo foi comigo, e João e Maria foram junto no primeiro dia apenas como companhia. Eu queria muito que eles começassem a viver missões de forma mais real e que a experiencia pudesse despertar o coração deles. Mas eu mal sabia o que Deus já tinha reservado a eles.
Conforme as pessoas da Englewood Baptist Church foram chegando e se instalando, eu fui me apresentando e tentando me fazer útil de alguma forma, perguntando onde precisavam de mim e como poderia serví-los. Fui direcionada a área onde se lavavam os pés. Isso mesmo, lavam os pés na área a qual fui designada. Apesar de ter a historia de Jesus (como Rei) amando e servindo seus amigos ao lavar seus pés como uma das histórias que mais amo na Bíblia, não conseguia visualizar como que aquela área poderia funcionar. Ao subir e me colocar a “postos” em um dos “boxes” onde receberíamos as crianças pude conhecer algumas das pessoas com as quais estaria servindo, me apresentar, falar um pouco de nós e entender melhor como era o serviço na área “Shoes”. “Shoes” era a área onde recebíamos as crianças (que já tinham sido previamente cadastradas pela equipe da igreja local que os recebia), lavávamos seus pés, lhes calçávamos meias limpas e novas e lhes dávamos um novo par de tênis (como um All Star), que tinha o nome JESUS escrito na parte de trás de cada pé. Enquanto fazíamos tudo isso, tínhamos a oportunidade de compartilhar nossa fé e o amor de Jesus não somente às crianças que ali estavam, mas também aos pais, avós ou responsáveis que as haviam trazido até nós. Enquanto tomava conhecimento de como tudo funcionava, ainda sem ter posto nada em prática e já me preparando para começar, pude perceber que a necessidade de interpretes era muito real… mas que havia sido suprida de alguma maneira em especial e curiosamente com a participação do Juca e da Mari. Sim, os dois, quando me dei conta, já tinham se apresentado, conversado com vários americanos e já tinham sido atribuídos a seus postos como parte da equipe que ali serviria. Então além de poderem ver o que aquela missão tinha como propósito, eles também puderam participar. Na verdade quem fazia tudo eram os americanos. Uma ou outra vez acabamos fazendo nós mesmo por conta do fluxo de crianças (em especial) que era intenso. Mas em geral, nosso papel era apenas o de interpretar… dizer para as crianças e acompanhantes tudo o que estava no coração dos membros da equipe.
Lembro-me com muito carinho de um momento em que o Juca simplesmente travou. Não se deu conta. Calou-se… e ficou a admirar o que Margareth dizia a uma criança. Ela então voltou-se a ele e lhe pediu que continuasse a tradução. Depois, ele me confidenciou que ficou tão apaixonado pela história que ela contava, e pela forma apaixonada como descrevia seu amor por Jesus, que prendeu sua atenção… e ele se esqueceu de continuar a tradução.
Lembro-me também de ter ouvido Juca, em outro momento, declarando “Cara, mãe, eu amo servir!”.
Para resumir um pouco esta história conto que fizemos as mesmas coisas com igerjas de Nashville, Goodletsville e Dyresburgh – TN (com os Pastores Phillip Jett e Boogie), bem como com a First Baptist Orlando (co os Pastores David Uth, Bill Mithcel, entre outros).
Com as igrejas do Tennessee tivemos ligações imediatas e elos que levaremos para a vida toda. Mas também com a igreja de Orlando pudemos experimentar o evangelismo em ruas… o que foi muito importante e significativo pra mim e pelo que sou muito agradecida a Deus por ter me presenteado com tal oportunidade. Além disso, pudemos participar desta última semana de serviço (com a igreja de Orlando) de outro ponto de vista. Desta vez, fazíamos parte da igreja de Orlando. Estávamos lá como equipe deles (pelo elo que já tínhamos com alguns membros de lá). E isso nos proporcionou vivenciar uma comunhão especial e diferente, por podermos fazer parte dos outros momentos em que envolvia a equipe.
Quando paro para lembrar de tudo isso, fico até sem palavras… e o medo de esquecer de mencionar nomes me faz não expôr o de ninguém além os dos Pastores.
Bom, quando a última igreja (a de Orlando) partiu, nosso planos eram de partir em seguida. Apesar do coração querer muito ficar (em especial por causa de uma outra semana de serviço e de um curso que Ric faria), Ric foi muito claro com relação a data de partida e não insistimos. Como disse, eu queria muito servir em mais um lugar. Desta vez era um projeto da Igreja Apostólica da Graça, mesmo, e não envolvia americanos. Desta vez era em uma aldeia. A aldeia Pataxó de Imbiriba. Mas Ric havia sido categórico: “Não dá. Não podemos!”. Como esposa, me coloquei debaixo de sua decisão, mas em amor, levei em oração o meu desejo ao Senhor. E lhe pedi que mudasse meu coração caso minha vontade fosse vaidade, ou que mudasse o do Ric. Não insisti com o Ric e confesso que não me lembro de ter insistido com Deus. O fato é que as portas se abriram de maneira sobrenatural, e Maria e eu fomos a Imbiriba. O que isso representou em nossas vidas, no entanto, foi algo incrível. Com Maria e eu indo a Imbiriba, João ficaria com o pai e iria a Abrolhos (estávamos com amigos abordo). A época a qual me refiro não é muito tranquila para navegação na região pelo fato de ser época de baleias. Muita coisa pode acontecer… ou pode não acontecer nada (rsrs). Mas a ideia de uma possível colisão com uma baleia e o que isso significaria (avarias, etc) deixou Juca (e a mim também) apreensivo. Juca pediu, implorou para que não fossem a Abrolhos… se dizia inseguro e achava que não era para irem. Ouvimos, e Ric decidiu que iriam, de maneira mais segura, viajando apenas de dia, porque assim era mais fácil evitar uma possível colisão. Juca ainda não estava satisfeito e veio me pedir para intervir. Naquele momento o que pude fazer foi orar com ele. Deus institui o Ricardo como autoridade na vida do João. Não poderia deixar de apoiá-lo neste momento. Mas também não me sentia segura e entendia o receio do Juca. Com muito amor, orei com ele e lhe disse que orasse também. Expliquei o que disse sobre autoridade, mas reforcei que nada o impedia de levar o assunto diante de Deus e pedir (mais uma vez) que Deus mudasse o coração do Ric, ou dele mesmo.
Bom, saímos em direção a Imbiriba, Maria e eu… com o coração apreensivo porque no mesmo dia, mais a tarde, eles também sairiam em direção a Abrolhos. Chegamos cedo a aldeia, ajeitamos nossas coisas na casa do Luiz e da Tina e fomos nos reunir para começar o evangelismo na região. Neste momento de reunião, a primeira coisa que apresentamos diante de Deus foi a família de cada pessoa que estava ali servindo ao Pai. Lembro-me de como senti-me aliviada em saber que não era uma preocupação só minha, mas de todo o grupo… Seguimos com as atribuições do dia!
Não há sinal de telefone ou wifi na aldeia. Na verdade até se pode conseguir sinal, mas é bem difícil. Não dava para me comunicar com o Ric e saber como tinha sido a saída de Porto e onde estavam.
No fim do dia, depois do banho, já deitada, ouvi meu celular apitar. Levantei para ver se havia entrado algum sinal e vi que tinha uma mensagem. Do Ric. Que dizia assim: “Mission aborted”. Sem ter certeza do que aquilo significava, tentei várias vezes lhe escrever, sem sucesso. O sinal que entrou já não estava mais lá. Deitei-me novamente. Outro bip. Desta vez: “Você andou ensinando o Juca a orar? rsrs”. Entendi, então, que eles não tinham saído, mas ainda desconhecia os porquês. Depois fui saber que as ondas não proporcionariam uma viagem que pudessem desfrutar e acabaria sendo desagradável (para dizer o mínimo).
Estas histórias são histórias que não poderia deixar jamais de compartilhar. São histórias em que reconhecemos o Senhor Jesus como Senhor de nossas vidas e nas quais ele se faz tão participante, que honra o coração do servo justo e fiel. Tive uma oportunidade incrível de viver isso, e ver o Juca viver isso, e ver o Ric viver isso, e ver a Mari ver tudo isso. Não há nada que pudesse, naquele momento, ter desenvolvido ainda mais a fé de todos nós senão exatamente o que vivemos ali, naqueles momentos.
Deus cuida, se preocupa com os detalhes de nossas vidas, Ele honra. Ele supre, dirige, e orienta nossas vidas com amor indescritível… Mal posso esperar para experimentar mais.
AmarSemFim – Somente a Deus seja toda a glória!